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Desvendando Cicatrizes da Infância: O Papel da Psicoterapia na Transformação Emocional

  • Foto do escritor: Sabrina Ramos Maurer
    Sabrina Ramos Maurer
  • 2 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura

Na prática clínica, frequentemente observo como, enquanto adultos, carregamos conosco as mesmas estratégias de enfrentamento que desenvolvemos na infância. Esses mecanismos, muitas vezes desenvolvidos como respostas primitivas e instintivas para lidar com situações que estavam além da nossa capacidade de compreensão na época, acabam se tornando uma parte fundamental de nossa forma de viver. A grande diferença é que, ao longo dos anos, nossos sentimentos ficam sobrecarregados com uma vida inteira de emoções não processadas e engolidas.

Quando um adulto se apresenta em psicoterapia, frequentemente é desafiador distinguir entre os sentimentos que emergem no presente e as emoções antigas que ressurgem de eventos passados. Por exemplo, uma pessoa pode se encontrar excessivamente ansiosa em uma situação aparentemente trivial, como uma reunião de trabalho, e essa ansiedade pode ser uma amplificação de inseguranças e medos desenvolvidos na infância. Esses sentimentos antigos, que foram reprimidos ou não completamente compreendidos quando éramos crianças, podem ressurgir com uma intensidade que torna difícil separá-los das emoções atuais.

Uma experiência comum que vejo é a dificuldade de distinguir entre o medo legítimo e as projeções de experiências passadas. Um paciente pode sentir um medo profundo de rejeição em uma situação social moderna, mas essa reação pode estar profundamente enraizada em experiências de rejeição que vivenciou na infância. Quando essas velhas emoções são trazidas à tona, elas podem distorcer a percepção do presente, levando a respostas desproporcionais ou a um padrão de comportamento autodestrutivo.

A boa notícia é que, como adultos, temos a capacidade de curar essas velhas cicatrizes e reescrever nossa maneira de enfrentar o mundo. Em sessões de psicoterapia, trabalhamos para identificar e nomear essas emoções antigas, compreendê-las e integrá-las de forma que possam ser ressignificadas. Este processo é altamente personalizado, adaptando-se às necessidades e experiências individuais de cada pessoa. Crio um espaço seguro onde as pessoas podem explorar e processar suas emoções passadas sem o medo de serem julgadas. Com o tempo, podemos ajudar a substituir estratégias de enfrentamento antigas e disfuncionais por abordagens mais adaptativas e saudáveis.

Um exemplo prático disso pode ser visto em um paciente que, devido a experiências de abandono na infância, desenvolveu uma estratégia de auto-proteção extrema, resultando em dificuldades em confiar em outros. Através da psicoterapia, começamos a desmantelar essa estratégia e a construir novas formas de relacionar-se, que são baseadas na confiança e na vulnerabilidade saudável. Outro exemplo pode ser observado em um paciente que enfrenta ansiedade exacerbada em situações sociais, a qual exploramos e ressignificamos, ajudando-o a desenvolver novas formas de interação mais equilibradas. Esses casos ilustram como o trabalho é personalizado para atender às necessidades únicas de cada pessoa, permitindo mudanças significativas na vida adulta e ajudando-as a surgir de uma maneira mais autêntica e equilibrada.

Em última análise, a psicoterapia oferece uma oportunidade para reavaliar e reconstruir nossas respostas emocionais, transformando padrões antigos que não servem mais para nós. Embora o caminho para a cura possa ser desafiador, ele também é profundamente enriquecedor, permitindo que cada pessoa não apenas lide melhor com o presente, mas também crie um futuro mais alinhado com suas verdadeiras necessidades e desejos.


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